Porquê viver devagar? - Slow Living

 Nem me recordo exactamente de quando ou como tive conhecimento da expressão «slow living» mas acho que foi com o blog da Ana Milhazes. 

Inicialmente, não prestei muita atenção ao conceito. 

Estava mais interessada em alimentação vegana, saúde, sustentabilidade e zero waste. Fui aprendendo mais sobre estes tópicos, inserindo mais e mais hábitos, dentro do que me é realisticamente possível, na minha vida (com alguma frustração pelo meio, até perceber que nem sempre conseguimos fazer tudo de forma perfeita, e não há problema).

A cada «erro», cada passo atrás, questionava-me: «se não é para fazer tudo, por que motivo faço alguma coisa? Será que adianta?». E chegava sempre à mesma conclusão: claro que adianta, se faço o máximo que consigo por aquilo em que acredito! Como me sentiria se desistisse? Se todas as pessoas que fazem um pouco desistissem, quantos enormes passos atrás estaríamos todos a dar?

E o que tem isto a ver com viver devagar? Não parece, à primeira vista, mas está relacionado. Eu queria fazer tudo, e fazê-lo depressa. Vivia a correr (e é uma tendência que ainda tenho e contra a qual vou lutando! Somos formatados para isso, é um processo conseguir desprogramar!). Estava num sítio a pensar no que tinha para fazer a seguir, tudo se resumia a listas de tarefas mentais. Acabava uma, nem chegava a ficar satisfeita com a tarefa realizada: já estava a pensar na próxima!

E pensava eu «assim tenho sempre tudo controlado!». Não, assim não desfrutava de cada tarefa concluída. Nem do processo, nem do resultado. Tudo se resumia a check lists. Porque quero tanto ter isto feito depressa? Nem sabia. 

Um dia fiz um retiro espiritual e propuseram-me que fizesse todas as refeições em silêncio, mesmo estando rodeada de pessoas novas que seria interessante conhecer. Não tendo mais em que me focar, reparei no que estava a comer. Cor, textura, sabor. E foi uma experiência que marcou o início da minha descoberta sobre slow living. Foi aí que percebi que passamos mesmo pelas coisas sem as ver! 

 

Faz estes exercícios:

- Sabes o que jantaste ontem? Estava bom? Estava muito salgado? Quanto tempo demoraste a comer? Gostaste mais do prato ou da sobremesa? Quiseste repetir alguma coisa? Se repetisses esta noite, ao jantar, o mesmo prato, que ingrediente gostarias de trocar?

- De tudo o que fizeste hoje, qual foi a actividade que mais apreciaste? Porquê? Quanto tempo demorou? O que sentiste enquanto a realizavas? E no final? Que outra actividade te desperta as mesmas emoções positivas?

Não temos de fazer este tipo de exercícios todos os dias, mas podemos ir encontrando formas de não estar sempre a correr e desligar o piloto automático. Há algumas dicas que já deves conhecer:

Meditação e práticas de Mindfulness- Eu prefiro meditar antes de adormecer, uns quinze minutos. Gosto de meditações guiadas e o meu canal preferido para as ouvir é o Boho Beautiful. Em relação a exercícios de mindfulness, que tal experimentar a meditação do chocolate? :)

Mente de principiante - Este é, precisamente, um conceito que vem do Mindfulness e que nos ensina a manter a mente aberta em relação ao que nos rodeia. Olhar para o que já conhecemos como se de uma novidade se tratasse. 

Mudança de rotinas - Ter uma rotina é bom mas, por vezes, leva-nos a agir de forma mecânica e inconsciente. E se hoje fizeres algo de forma diferente? Eu costumava deixar sempre as actividades diferentes para o fim-de-semana. Dessa forma, aguardava esses dois dias com entusiasmo mas os restantes cinco eram sempre iguais! Agora vou tentando, sempre que possível, começar logo à sexta feira por fazer algo diferente, nem que seja fazer uma pequena caminhada depois de jantar, ou começar um livro novo. Dou-te outro exemplo... Um dos meus frutos preferidos é a banana e costumo ter sempre em casa. No verão, tive muita fruta caseira e continuava a comprar banana! A certa altura pensei «porquê?». Não fazia sentido e eu nem tinha reparado, porque estava habituada a comprar sempre aquela quantidade de bananas semanalmente. Deixei de o fazer enquanto tenha fruta caseira suficiente!

Descobrir algo novo todos os dias - Conheces bem a tua casa? O teu jardim? Tenta olhar com outros olhos diariamente para um cantinho novo de tua casa, do teu local de trabalho ou do caminho que fazes para lá chegar. Recentemente passei a pé numa rua onde costumo passar de carro e reparei numa casa linda que nunca tinha visto que existia! Claro que, de carro, a atenção deve focar-se na estrada mas, quando paras no semáforo, podes aproveitar para apreciar a vista!

 Ter pressa não faz o tempo andar mais rápido - Quando trabalhava num escritório e não em casa, saía a correr e regressava a correr. Conduzia com cuidado mas, se havia trânsito, olhava vezes sem conta para o relógio. Adiantava alguma coisa? Claro que não! A fila não desaparece e o problema não se resolve só por ficarmos mais nervosos! Então, quando estamos atrasados, quando as coisas não estão a correr como queremos, é deixar fluir e fazer o melhor possível. Mais do que isso não podemos fazer e stressar não vai resolver!